Biografia - Engº. Fernando Gonçalves Lavrador

Fernando Gonçalves dos Santos Ferreira Lavrador nasceu a 13 de Março de 1928, no Porto, o interesse pela cultura e arte, começou bem cedo. Aos cincos anos de idade já assistia a espetáculos de teatro e ópera.

Frequentou o Liceu Alexandre Herculano, onde travou conhecimento com outros estudantes com os quais colaborou na fundação do Clube Português de Cinematografia, mais tarde designado por Cineclube do Porto.

Esta associação viria a tornar-se num dos mais importantes cineclubes portugueses, do qual foi dirigente e sócio honorário. Foi igualmente dirigente e colaborador do Clube de Cinema de Coimbra. Em Aveiro foi colaborador do Cineclube de Aveiro e um dos fundadores e dirigente da Cooperativa de Cinema "Grande Plano".

Ingressou, na Universidade do Porto, onde se formou em Engenharia Eletrotécnica. A sua vida é marcada por duas atividades distintas: a de ensaísta e a de engenheiro eletrotécnico.

Como engenheiro especializou-se em telecomunicações, teletráfego e telefiabilidade, tendo colaborado com a GECA (Grupo de Estudos de Comutação Automática), Gabinete de Estudos da Fábrica de Motores Elétricos Rabor, Companhia Portuguesa de Celulose (Portucel), Portugal Telecom (Centro de Estudos de Telecomunicações), Instituto de Telecomunicações e Universidade de Aveiro.

Como ensaísta distinguiu-se sobretudo no campo da semiótica e da filmologia, tendo publicado numerosos ensaios, entre eles quatro volumes com textos singulares na ensaística portuguesa. Também colaborou com vários jornais e revistas.

Entre os anos de 1953 e 1954 escreve o ensaio" Justificação Estética do Cinema", que seria publicado 20 anos mais tarde. Neste volume procurou difundir as ideias e os estudos de Gilbert Cohen-Séat, de Étienne Souriau e dos principais ensaístas do grupo da filmologia da Sorbonne, tal como introduzir o seu pensamento sobre os fenómenos fílmicos e cinematográficos, com ideias profundas e originais no campo da semiótica.

Em 1986 editou o primeiro dos três volumes da obra "Estudos de Semiótica Fílmica", tendo sido publicadas 1096 páginas desta obra que nunca chegaria a terminar.

Participou em diversos congressos, conferências e fez parte de vários júris de festivais de cinema. Orientou colóquios sobre cinema, nomeadamente sobre as obras de Roman Polanski, Joseph Losey, Fritz Lang e José Fonseca e Costa.

Em 1996, foi agraciado pela Câmara Municipal do Porto, no âmbito das Comemorações dos 100 Anos do Cinema Português, com a Medalha de Ouro de Mérito Cultural daquela autarquia, pela "obra ímpar que realizou no campo do estudo da semiótica do cinema".